28 novembro, 2010

Contador de Estrelas

Subiu de volta ao quarto. Não mais imerso naqueles pensamentos ruins que insistiam em martelar sua consciência, desligou o rádio, apagou a luz e abriu a janela. Viu o céu escuro, aberto, com tantas estrelas, mas tantas estrelas que se sentiu em outro lugar no espaço, em outra dimensão, em um universo paralelo, um universo só dele. Imaginou se haveria outros como ele em outras constelações, já que um ponto minúsculo no céu, visto daqui, pode ocultar um planeta semelhante a esse, com outros seres, talvez até iguais à nós. 
Perguntou-se se havia outros com os mesmos sonhos, pensamentos, ilusões, anseios, tristezas e alegrias que ele tinha. Perguntou-se se os outros "Eus" também cometiam os mesmos erros e acertos que ele, um dia, cometeu.

Sentou-se à beira da janela, sentiu a brisa noturna acariciar suas bochechas e balançar uma mecha do cabelo que deslizava, teimosa, na sua testa. "O que os outros "Eus" estão fazendo agora?" Perguntou à si mesmo, num tom irônico, tentando achar alguém pra compartilhar aquelas coisas. 

Deitou-se em sua cama com a janela entreaberta, ainda enxergando algumas estrelas naquele céu límpido. Suspirou forte, virou-se para o lado e, rindo, disse:

"Nenhum "Eu" é mais importante do "Eu" que existe aqui dentro"


25 novembro, 2010

Quem eu sou?

De repente olhou-se no espelho e não teve certeza do que viu. Pode ter se perguntado: "Quem eu sou?". Pode ter percebido que viveu a vida no modo automático, seguiu o modelo lógico de estudar-ganhar dinheiro e agora não sê vê mais fora disso. Abriu a janela e viu a luz do luar invadir e tomar o quarto escuro aonde todos os dias se deitava e aonde aquela pergunta fatídica teimava em assolar os seus pensamentos: "Quem eu sou?". Perguntou-se se a dança da vida arrumou um bom par para ele. Questionou seu próprio modo de ver o mundo e descobriu que quase nunca esteve certo. Percebeu que nesse tempo todo foi manipulado por um Monstro Invisível que o dizia pra onde ir, com quem ter amizades e com o que rir e chorar. Sentiu-se num teatro de fantoches. Enquanto isso a luz da lua perguntava: "Quem é você?"

Perguntou-se se poderia tomar outro caminho, preferir o branco ao invés do preto, a luz ao invés das trevas à exemplo daquelas trevas aonde se encontrava naquele momento, observando as nuvens passarem na frente da lua e ver o quarto escurecer e clarear, quase imperceptivelmente.

“Quem eu sou?”

Levantou-se, foi ao banheiro e lavou o rosto. Olhou no espelho e em seus olhos e disse: "Talvez não precise ser alguém"

21 novembro, 2010

Aprendeu que...

...aprendeu com essas coisas a importância de valorizar à si mesmo. Aprendeu a importância de cada amanhecer e anoitecer. Aprendeu a importância de um dia após o outro dia. Aprendeu que não é o mesmo de ontem e nem será o mesmo amanhã. Aprendeu que o seu “sofrimento” pode ocultar uma enorme vontade de viver e experimentar coisas e que esse sofrimento é inútil comparado à quem mora na rua e a próxima refeição é incerta. Aprendeu com isso que talvez ele cobre muito de si mesmo e faça muito pouco. Descobriu que tem tudo ao seu redor e ainda reclama como um bebê chorão. Aprendeu que não dá pra viver baseado em frases prontas.

Mas acima de tudo, descobriu que não pode viver a vida de outra pessoa. Que tem que descobrir a verdadeira essência do seu ser. E que ainda é muito novo pra pensar nessas coisas. Se viu no auge dos seus 19 anos com crise de meia-idade, ora pois! Descobriu que ainda tem um chão longo pela frente, ou não, pois descobriu que a morte não escolhe suas vítimas à dedo. Sabe que, querendo ou não, muitas pessoas vão entrar e sair da vida dele, talvez algumas fiquem, outras não... não cabe à ele fazer julgamento a essas coisas. Pois nem ele mesmo decide o próprio destino. Cabe à ele viver a vida, do jeito que ela vier, sem guardar ressentimentos, mágoas, ódio e tristezas sobre ninguém.

Escrever uma página nova no livro da vida, todos os dias, até que ele chegue na sua última página.

26 setembro, 2010

Damião


Pro inferno com a opinião dos mais velhos, mas cá entre nós, rotina de jovem não é fácil: Acordar cedo e sempre atrasado, sair de casa sem comer, as vezes, agüentar ônibus lotado, gente chata e chefe mala-sem-alça no trabalho, emendar a faculdade depois de um dia inteiro de trabalho, chegar em casa e ter que ir estudar, dormir só após à 01:00 é uma tarefa diária heróica. Ontem mesmo um amigo meu me disse que uma senhora cedeu para ele o lugar reservado para ela, pois ele demostrava um cansaço anormal, típico nosso. E ainda dizem que somos preguiçosos. E, como sacanagem do destino, viver sem dinheiro só ajuda a piorar essa história.
 
Uma das pessoas que me ajudam a agüentar essa rotina é o Damião. O Damião é o senhor de alguns 55 anos de idade, com os cabelos predominantemente grisalhos e que serve café na empresa.  Ele introduziu (UI!) um novo vício na minha vida: a Cafeína. Todo dia quando ele passa pela “minha” sala, deixa uma xícara e dois copinhos plásticos pequenos com café em cima da minha mesa. Ele deve passar umas quatro ou cinco vezes por aqui, nunca parei pra contar. As vezes ele acomoda a bandeja com as xícaras sobre a minha mesa e abre a persiana da janela, fica por alguns minutos contemplando a paisagem urbana e conversando comigo:

- “Paulinho, a Chácara lá ta quase pronta, coloquei uns ladrilhos no jardim e na entrada da porta, ficou bonito. Final de semana teve um churrasco lá, passei o final de semana inteiro relaxando por lá. E o seu final de semana, como foi?”

Além do café (que me ajuda a não entrar em coma por causa da privação de sono), ter uma pessoa convivendo com você, que vem na sua mesa pra conversar e não pra pedir coisas e favores, me faz sentir prazer acordar cedo e passar por todos os perrengues pra chegar aqui na hora. O café e o convívio com ele servem como recompensa por tudo isso. Ele me ensina, dia após dia, a ser uma pessoa mais humilde, a dar valor para as coisas simples e a parar de reclamar de tudo e de todos por besteiras.

A maioria das pessoas que vem na “minha” sala tem o seguinte diálogo:
 
“Oi Paulo, tudo bem? Que bom... então, [pedido, favor, reclamação, xingamento, crítica].”
 
Um colega de trabalho meu, quando alguém diz isso pra ele, corta a fala da pessoa e diz logo:
- Prossiga!
 
Mas isso é história pra contar depois.

Acabei de almoçar... queria um café do Dami agora...


21 setembro, 2010

Tudo no lugar

Antes de tudo, não sei. Não sei se é viagem minha ou só mais uma coisa delirante, de muitas que eu escrevo aqui, mas sabe quando você acorda de manhã e já se sente bem? Você abre a janela e vê o céu daquele jeito, daquela cor que você sempre gostou, da cor que você via quando saia na rua pra brincar, já é um bom motivo pra começar bem o dia. Todo dia quando eu acordo de manhã cedo, a primeira coisa que eu faço é abrir a janela do meu quarto e colocar a cabeça pra fora dela pra ser ofuscado pela luz do sol, que já brilha forte naquela hora. Fico ali por uns cinco, dez minutos, olhando as coisas e o vento à bater na arvoré em frente a minha casa. É uma bobagem, eu sei. Mas de alguma forma isso me faz sentir grato por estar ali pra ver essas coisas. E quando eu saio pra ir pro escritório, tudo está daquele jeito que me faz lembrar das coisas que eu vivi quando era moleque. E de noite eu repito o mesmo ritual: Antes de dormir, abro a janela e fico olhando à noite, a lua, que já repousa elegante no céu.

Tudo está como deveria estar. Talvez eu esteja no lugar, apesar de tudo.

13 setembro, 2010

Nem tudo é como a gente quer?

Quantas vezes já não ficamos irritados por uma coisa não ter dado certo? Quantas vezes não ficamos frustrados por perder o horário para ir trabalhar, quando chove, quando faz sol demais, por esquecer alguma coisa em casa, por esquecer de fazer alguma coisa, por não ter tempo pra nós mesmos?

Uma pergunta que eu sempre faço pra mim mesmo é como chegamos nesse estado, onde tudo que fazemos parece não nos agradar da forma que deveria. Somos insatisfeitos por natureza, por adaptação, e um sintoma básico disso é reclamar de tudo e de todos.
Mesmo que essa coisa seja explendorosa, fantásica, sempre parece que ainda está faltando alguma coisa, um pequeno detalhe que passa despercebido, coisa essa que sempre nos deixa desconfiado e com uma preocupação latente.

Não me lembro da última vez que fiquei extremamente irritado com alguém ou alguma coisa. A raiva é como uma válvula de escape que deixa sair tudo de ruim que temos dentro de nós e, as vezes, a nossa raiva é a satisfação de outra pessoa.

Percebem, caras pálidas: essa é a lógica das coisas: Se esta bom pra mim, está ruim pra você e está horrível pra outrem. Essa coisa de estabelecer um padrão comum de vivência, de pensamentos, de religiôes não dá certo, nunca deu. O problema é o mesmo que eu já venho pensando à algum tempo: Aqui vive muita gente! Não saiu o último Censo ainda, mas devemos ser mais de 190 milhoes: Mais de 190 milhoes de opiniões, mais de 190 milhoes de jeitos de fazer a mesma coisa, de achar o que esta certo, errado, e do que esta errado, certo.

De fato, engolimos sapos e mordemos lábios frustrados todo dia, mesmo que inconscientemente. Exemplo: olhe pra onde você está... você queria estar nesse lugar? Você queria ir para o próximo lugar que você vai após este? Aonde você queria estar agora? Sozinho ou com alguém?

Eu queria estar em algum lugar fotografando coisas como essa:
To levando mesmo essa história de fotógrafo à sério...



















Vivemos um padrão básico de vivência social que exige que tenhamos escolaridade, que exige que trabalhemos 8 horas por dia e que tenhamos dinheiro, muito, se possível. O ruim disso tudo é que discordamos da intensidade desse modo de vida, mas seguimos a regra por instinto de sobrevivência. Quem não queria trabalhar 2 dias na semana e folgar os outros 5? Esse modo de vida cria pessoas estressadas e quase sempre chateadas por não saberem direito aonde querem e onde vão chegar com toda essa loucura. A frustração pelas coisas corriqueiras esconde essa incerteza.


Mas o que, de fato, você quer?


08 setembro, 2010

O dia em que voltei de férias


Acabou a moleza. Depois de "curtos" 30 dias cá estou, de volta a rotina maçante de escritório: E-mails que chegam, telefone que não para de tocar, usuário irritado, servidor que dá problema, redes sem conectividade, o iPad do presidente que não conecta. É tenso, mas tudo isso me faz sentir mais vivo. Adoro o cheiro de problema pelas manhãs. Eu tenho uma teoria sobre quem trabalha com TI: É uma maldição! Você pensa que sabe tudo, mas não sabe nada.

Eu, sinceramente, saí de férias no dia 08/08 sem saber o que ia fazer. Não tinha planos pra viajar, a maioria dos meus amigos estava trabalhando. Meus planos eram: acordar tarde (muito tarde, algo em torno de 14:30), assistir Big Bang Theory e Friends enquanto me entupia de pipoca e ficava pensando na quantidade de e-mails que ia ter que ler e a fila de chamados crescendo em escala planetária e na falta que eu ia fazer na empresa.

De fato, acordei tarde nesses dias, nos primeiros dias. mas não fiquei vegetando em frente à TV. Uma coisa estranha é que meu celular nunca tocou tanto que nem nessas férias, meus e-mails pessoais nunca ficaram tão interessantes. Achei coisas pra fazer, lugares para ir, conversei mais com amigos novos. Investi tempo e dinheiro no meu hobby (fotografia). Falando em dinheiro, nunca gastei tanto dinheiro como nesse último mês: foi algo em torno de 250 com baladas, 200 com a viagem que eu fiz com os manolos pro litoral... melhor parar de fazer contas. Mas f*da-se, vou ter história pra contar pra minha futura filha (não, ainda não sou pai e, quando for, quero uma menina). 
Eu sentia falta de casa. Sair de casa cedo e voltar tarde só pra dormir é complicado. Querendo ou não, um pedaço de você vive (ou costumava viver) naquele lugar. There's no place like home. Lembrei das minhas épocas da escola, na oitava série mais precisamente: Acordava cedo pra ir pra escola e quando era 12:00 eu já estava em casa, almoçando e assitindo televisão com a minha mãe. Dormia até as 15:30 e acordava com os meus amigos batendo no portão da minha casa, ponto de encontro de toda a "galera" naquela época. Sentei no sofá por uns instantes e fiquei contemplando o chão de madeira, imerso naquela corrente de lembranças que parecia não ter fim.

Hoje, 08/09, acordei com aquela clássica "ressaca" de pós-feriado, mas tive coragem de levantar da cama seduzido pelo cheiro de café. Quando cheguei no escritório, todo mundo vinha me perguntar: "Nossa, voltou de férias? Como foi? Viajou? Descansou bastante?" Outros diziam: "Tirou 30 dias de férias? Parecem que foram 6 meses!" Aqui tem gente que não se permite tirar férias, assume tanta responsabilidade que acaba ficando fora de si, respira trabalho e perde o equilíbrio pessoal-profissional. Enfim... não é o meu caso. Ainda não cheguei e nem quero chegar nesse ponto. Não coloco meu trabalho num pedestal.

E já estou contando os dias para as minhas próximas férias... porquê faltam só 364.

That’s all folks and let’s get back to work!

28 agosto, 2010

Eu, fotógrafo

Só estou olhando...






Enfim comprei a minha câmera! Depois de muitas pesquisas, sites na web, blogs de fotografia. Depois de tanto andar pela Santa Ifigênia achei, encontrei a minha tão sonhada câmera. Confesso que durante essa última semana que se passou foi punk, psicológicamente falando. Cheguei a perder o sono por causa dessa história de começar a mexer, de fato, com fotografia.

Hoje tive que ir pra faculdade pra começar mais um maldito projeto. Acabei usando boa parte do tempo pra fotografar algumas coisas do jardim do campus (fotos que você vai encontrar aqui e aqui)

Criticas, xingamentos, sugestões, trabalhos, dinheiro, cartas de amor... mail me!

3 minutos, meu miojo ficou pronto.

17 agosto, 2010

Prof. Moreira

Um senhor de uns 50 anos de idade denunciados pelos quase dominantes cabelos grisalhos. Sotaque paulista com traços de sotaque nordestino. Orador nato. Estatura baixa, tipo Mario Bros. Essa foi a figura que eu conheci numa sexta-feira passada. O meu professor do CFC estava de folga e ele foi designado para cobrir a folga dele. Coitado, ia sair de férias por dois meses exatamente naquela sexta, ia viajar para algum lugar e estava com medo de perder o voo.

19:00. Ele entrou na sala, escreveu o nome em vermelho no canto do quadro e traçou um risco logo abaixo. Sentou-se. Depois de apresentar-se, desenhou um quadrado na lousa e começou a ensinar o trajeto da prova prática do Detran. O linguajar sério confundia-se com os comentários cômicos bem encaixados. Depois do "quadradro" levantou-se e disse: Página 46 - Placas de Regulamentação e Advertência. Dou 5 minutos pra vocês decorarem as placas pois eu vou fazer chamada oral. Passados os cinco minutos olhou pra mim e disse: Jovem, qual o seu nome? - Paulo disse eu, em seguida. - Fala pra mim a placa A-7B? Pensei um pouco, não tinha certeza de qual era: - Intersecção à Direita? - Não, respondeu ele.

Assim foi com o resto da sala. Sempre educado, perguntando o nome e procurando interagir com as pessoas, sem piadinhas infâmes. Calmo como uma águia esperando a presa. Após mais algumas placas, começou a dar a aula de Mecânica. Finalizou a aula bem mais cedo e liberou todo mundo.

Apesar da reclamação conjunta pelo método de ensino dele(aula de mecânica + público predominantemente feminino: faça suas contas) algo me chamou a atenção naquele senhor: Simplicidade. Sim, Paulo, agora como explicar uma pessoa simples? Não sei... estou à alguns dias tentando escrever alguma coisa sobre esse figura que não se vê todos os dias. Aliás, foi o primeiro. Figura semelhante eu devo ter encontrado no Cursinho da Poli ou em algum livro do Dr. Dráuzio Varella, mas não me lembro agora.

"Simplicidade é uma coisa complexa".

Eu sei, eu só o vi naquele dia. Sei lá onde raios aquele cara deve estar! Toda aquela tranquilidade que ele tinha, toda aquela calma. De alguma forma passou algo bom pra mim. Por exemplo, dentre os meus defeitos estão a maldita da ansiedade (que, aliada à cafeína me deixa hiperativo). Nunca parei pra pensar no que eu estava fazendo, só fazia. Mas pelo curto contato com o Professor Moreira, de alguma forma aprendi a ter um pouco mais de calma e paciência pra resolver os meus problemas.

Enxergar seus erros é o primeiro passo para corrigí-los. - Alguém já deve ter dito isso, com outras palavras.

Tem gente que contagia pelo jeito de ser, que contamina o ambiente com coisas boas. Não precisa dar lição de moral e esporro nos outros, nem tratar com indiferenca. Devem existir pessoas assim aos montes. O problema é que exergamos primeiramente os defeitos de uma pessoa que acabamos de conhecer, ao invés de perceber traços que demonstrem como essa pessoa pode fazer bem para você. Somos repulsivos e praticamos a repulsa com os outros por natureza, hábito.

Existem outras coisas em mim que eu ainda não consegui descobrir, outros defeitos meus e outras qualidades dos outros. Por que nem tudo é só VOCÊ. Mas vamos ver quem o acaso coloca na nossa frente e como podemos nos tornar pessoas melhores, para os outros e para nós mesmos.

That's All Folks!

15 agosto, 2010

Um Tempo Atrás

Eu nunca tive muitos amigos. Alguns deles se perderam nas esquinas e contratempos da vida. De fato, não sei o que acotenceu com a Mariana, uma das minhas primeiras amigas de verdade. Conheci ela ainda quando fazia o prézinho na EMEI aqui perto da minha casa. Lembro de algumas poucas coisas que faziamos juntos. Íamos para o recreio juntos, sentávamos bem próximos na sala. Também consigo lembrar de uma excursão que tivemos para um sítio em não-sei-aonde. Já na primeira série, tinha o Willian, um gordinho branquelo, meio nerd, mas que sempre fazia trabalhos comigo. Acho que o único amigo que eu tinha na época (digamos que eu não era muito sociável). Depois de um tempo, veio a galerinha que brincava comigo na hora do recreio (quarta série). Leandro, os três Rafaéis e mais alguns que eu não lembro. Dois desses Rafaéis já não sei mais aonde andam, más linguas dizem que um se envolveu com drogas e outro se perdeu no caminho da marginalidade. No Ensino Médio, já tem um publico mais amplo, mas não mais próximos. Algumas 10 pessoas à mais, mas que mesmo assim mantinhamos amizade só pelo contato na escola, mas não pelo interesse. Quando eu terminei a escola, posso contar algo em torno de 7 pessoas que ainda "andam comigo".

Hoje estava colando algumas fotos e bilhetes de alguns amigos meus no meu guarda roupa e fiquei pensando nessas coisas. Onde será que estão todas essas pessoas? Pessoas que estiveram tão próximas de mim um dia e hoje, bem... sabe se lá onde estão, o que fazem, aonde moram, se estão, vivos. Há um tempo atrás, compartilhávamos conversas das quais nem me lembro mais, brincadeiras das quais eu não dou mais risada quando vejo crianças na rua à brincar das mesmas coisas que, um dia, eu brinquei.

Não, não e não! Não vou dizer que gosto de crianças! Nem a ingênuidade delas me contagia. A unica coisa que eu acho interessante é o interesse delas pelas coisas que acontecem no mundo: Interesse Nenhum! Elas não precisam se importar com essas coisas, com guerra, com paz, com o preço da soja nos mercados estrangeiros. Ainda estão descobrindo todo esse mundo novo.

Não é mais assim. Virou um problema que agora tomou dimensões maiores. Vemos crianças querendo ser "Teens" aos montes, a TV alimenta isso, a música alimenta isso... tudo alimenta isso. Brincar na rua já não é mais coisa de crianças de 12, 13 anos. Na minha rua isso já é coisa do passado. Meninas querem vestir calças apertadas e Soutien para chamar a atenção e meninos já querem dirigir.

Quando eu era criança, passava as manhãs na escola e ficava em casa de tarde pois minha mãe trabalhava e não me deixava sair. À noite então, nem se fale. Só pra acompanhar o meu pai que sempre levava o cachorro pra passear enquanto fumava seus dois cigarros Marlboro. Ficava em casa então, assistindo todos aqueles desenhos que passavam na Cultura, lia algumas coisas nuns livros que meu pai tinha, amontoados no rack da sala e ouvia as músicas da estante de CDs num estéreozão Sony que tinha aqui em casa. Gostava daquilo. Me fez ser quem eu sou hoje, à exemplo dos meus pais.

Minha curiosidade é saber se todas essas pessoas que um dia estiveram presentes no meu cotidiano tiveram uma infância igual a minha, se aproveitaram como eu aproveitei todo aquele tempo livre e sem responsabilidades. Naquela época, não perguntávamos essas coisas: "Ah, o que você gosta de fazer?". Acho que nem interesse em saber eu tinha.

Sim, julgue-me tosco por querer ficar revirando o passado. Sorte a minha ter um passado pra revirar... tanta gente não teve ou quer esquecer o que teve. Too bad!

08 agosto, 2010

Xongas: Carteira de Motorista


Eu estou na alçada da minha Carteira de Motorista. Sinceramente não agüento mais ter que sair e ver o carro da minha mãe mofando na garagem. Me dói saber que eu tenho que pegar Mercedes de 44 lugares todos os dias pra ir pra onde eu quiser, pra trabalhar, pra estudar.
Mas esse drama já já vai acabar. Terminei o CFC nessa sexta-feira e vou agendar a prova teórica na semana que vem. Viva! Mas o caminho até as vias é complicado é cheio de pedregulhos, neblina, cerração e corpos decapitados.
1º Passo: A Auto-Escola
Meu bolso dói até agora. Ô pedacinho de papel caro pra caramba!  Quase 1000 reais pra conseguir pegar aqueles 5 cm de papel que vão te dar a liberdade pra tirar rachas na rua, dar cavalinho de pau na esquina da sua rua, colocar som alto, chamar a atenção do bairro inteiro para andar de carro ou moto por onde você quiser. O discurso nas auto-escolas é sempre o mesmo: “Você paga não sei quantos reais, aí nos vamos estar te encaminhando para fazer o pré-cadastro junto ao Detran e logo após vamos estar te encaminhando para fazer o exame médico e psicotécnico.” Gerúndismo come solto e as taxas “simbólicas” das auto-escolas também. Se você vacilar, levam até o seu futuro carro como pagamento. É um investimento de risco. A Auto-escola nunca tem horários que se adaptam à sua rotina, é você que tem que se virar, cara pálida.
2º Passo: o Pré-Cadastro no Detran
Antigamente havia uma unidade do Detran bem próxima a minha casa, na 23 de maio. Alguma alma do mal teve a brilhante idéia de mover essa unidade para a Zona Norte de São Paulo. O motivo do pré-cadastro é uma incógnita. Alguns dizem que serve para a polícia detectar condutores irregulares (gente que deu entrada na auto-escola e já está dirigindo, mesmo sem carteira) e aplicar muita aos meliantes ou suspender o processo de habilitação, mas até agora esse método não foi implementado. Chegando no Detran, é aquele ambiente pior que sala de espera no médico: todo mundo quieto, tenso. Chega a ser mais tenso que a FUVEST. Os fiscais que vão pegar a documentação não são seres humanos, são ditadores. Acho que por pré-requisito para ser um, além de ter passado no concurso, é: Profissões anteriores: Matador de aluguel, agiota, mercenário ou serial killer, além de possuir boas doses de ignorância e falta de educação. Quando eu fui fazer o meu, expulsaram cinco pessoas da sala por uma delas ter atendido o celular que estava no VibraCall. Imagine se não estivesse! Iam mandar efetuar execução sumária de todos na sala. Passei por essa fase sem nenhum ferimento.
3º Passo: O Exame médico e psicotécnico.
Não sou médico, mas me custa a acreditar que esses exames sejam necessários. Quando você chega no consultório, os médicos pedem para você fazer alguns desenhos e comparações entre figuras. É uma coisa que uma criança de 4 anos faz brincando. Meio sem noção. Nossos queridos amigos de branco dizem que é pra confirmar as habilidades cognitivas da pessoa (pra ver se ela não é retardada, se não é burra, melhor dizendo). Abro um espaço para dizer um palavrão: Po*ra! Se a pessoa teve a capacidade de acordar cedo, tomar banho sozinha, identificar o letreiro de um ônibus e acertar o endereço, é claro que ela não é idiota! Estão subestimando nossa inteligência. O ser humano dá dois passos pra frente e dois e meio para trás! O exame médico é o mais rápido: A médica pergunta: - Você está se sentindo bem? - Sim. -Ótimo! Eu só pergunto por força de hábito, você tá até melhor que eu. Vou sair pra tomar um café, tá aqui ó. Aprovado!
4º Passo: CFC
Talvez seja o passo mais maçante por alguns motivos:
São nove aulas de quatro horas/dia. Quanto à isso, até que é normal. Necessário, melhor dizendo.
Você tem que compartilhar sala com algo em torno de sessenta pessoas, não muito interessantes, meio lerdas no raciocínio (o que prova que o exame psicotécnico é falho) e com tendências a comportamentos insólitos (barraqueiras).A matéria é tão fácil que chega a dar sono mas ainda tem gente que sofre pra aprender. Tipos de perguntas durante a aula:
Aluno 1: Professor, o que é pavimento? (Sem comentários)
Aluno2: Professor, se eu andar sem capacete eu sou multado? (Não, imagina... por que te multariam?)
Aluno3: Professor, quanto que é pra "dar o quebra" no exame (propina para aprovação sem avaliação, mais conhecido como jeitinho brasileiro)
Aluno4: Professor, posso colocar aquelas rodas esportivas e aqueles pneus fininhos no meu carro, cortar as molas, colocar um som monstro, trocar a pintura? (Geralmente quem faz essas perguntas são moleques metidos a Vida Loka que tem sonhos de consumo automotivos, mas que de carro, só tem o que aparece no papel de parede do celular com uma mulher em posições que sugerem comportamentos sexuais, ou o que montaram no Need For Speed pra Playstation, ou nem isso).
E os simulados. Sim, os simulados.Você deve acertar 75% da prova (21 questões) para ser aprovado. Nos simulados, pode-se consultar a apostila. Mesmo assim tem gente que acerta 12, 13... como pode? Tem uma questão como essa: “Para se evitar o superaquecimento do motor, deve-se observar no painel de instrumentos qual dos seguintes itens?” Como um ser marca GPS como alternativa correta?
Enfim... ainda tem mais alguns passos pro final dessa empreitada. Eu ainda nem comecei as aulas no volante. Depois eu termino de contar essa Missão Impossível.
Vão dormir, que eu tô de férias!
That’s all Folks!

31 julho, 2010

Gente que reclama demais

Eu não condeno as leis do Estado. Até que não entende nada de política sabe que, pra manter a ordem entre a população, é necessário criar regras, padrões de comportamento, procedimentos, políticas, legistações... burocracia. Entendam, jovens padawans: a burocracia algumas vezes é necessária.

Um lugar ótimo de se ver isso é na Auto Escola e no curso de formação de condutores (CFC) que ensina iniciantes na direção à não fazer hagadas na via e saberem o que devem e o que não devem fazer no trânsito. Quando eu cheguei pro primeiro dia de aula, algumas pessoas falavam pelo canto da boca: “Nossa, isso aqui é inútil, 9 aulas aqui... que inferno” . Apesar da reclamação por parte de alguns, estudam placas até enjoar. Nada se assemelha ao prazer de dirigir, talvez seja por isso a dedicação dos alunos em acertar as 21 questoes da prova do Detran e não bombar. Se as pessoas se portassem assim na escola, com a família ou em qualquer outro relacionamento inter-pessoal, a história seria bem diferente. Mas é mais conveniente dirigir um carro né, Brasil? Mas isso não vem ao caso, isso é história pra contar depois.

Não estamos aqui sozinhos. Precisamos manter isso aqui (cidade) num estado aceitável, civilizado, organizado. Pra isso são criadas as leis. Eu fico puto (pra caralho) quando alguém me fala que “leis são criadas pra foder com todo mundo” , “Aqui tinha que ter anarquia”, “os FDPs que ficam no poder ficam impondo essas coisas para nós e não temos como não obedecer" (os famosos coitadinhos). Leis não são criadas do nada! Leis são criadas a partir de estudos concretos, análises com fundamentos, critérios, justificativas. É claro que tudo tem sua parte podre, algumas não funcionam. Mas nada é perfeito.

O brasileiro tem o hábito (horrível, por sinal) de reclamar. Por que reclamamos tanto? CFC é importante pois nos ensinam sobre Direção Defensiva, Primeiros Socorros e outras coisas além de Cidadania (que, há tempos, está em falta por aqui). Se tem que fazer, por que reclamar? É a lei! Se existe, tem que ser cumprida. Se todo mundo seguisse as leis de trânsito brasileiras, talvez nem fosse necessário ficar 4 horas/dia numa sala lendo artigos de leis. Falta bom senso nas pessoas. Tantas pessoas já passaram por isso e a mesma história se repete. Não só com o CFC, mas quanto as outras coisas. Parece que nunca tá bom. Arrumamos uma desculpa esfarrapada para vivermos de cara fechada, irritados. Nos irritamos com baboseiras cotidianas como perder um ônibus, esquecer as chaves em casa, celular sem bateria, enquanto mendigos passam fome e frio, crianças são exploradas pelos pais e idosos apodrecem em asilos, sem visita, sozinhos.



Se você se fecha numa bolha e pensa que só o seu mundo importa, tá na hora de rever os seus conceitos

19 julho, 2010

As Escadarias da Vida

Hoje aconteceu uma coisa que chamou minha atenção. Não sei da onde eu tiro essas idéias, mas o acaso, destino ou sei lá: qualquer coisa em que você crê vai saber a hora de agir na sua vida. Meio surreal demais pra entender, as vezes nem eu entendo eu mesmo.

Mas o que me aconteceu foi o seguinte: Eu estava voltando do trabalho pra casa. Num trecho do percurso eu tenho que descer alguns lances de escadas. Quando eu comecei a descer, olhei pra frente e vi um senhor de idade descendo a escada degrau a degrau, lento, pensativo. Eu passei por ele pulando de dois em dois degraus, apressado pra chegar logo em casa depois de um dia exaustivo no trabalho.

Quando eu cheguei ao fim da escada, parei um pouco e pensei em mim daqui à uns quarenta, cinqüenta anos. Será que eu vou ficar igual a esse senhor quando eu for mais velho. Será que eu vou chegar nessa idade e ter aproveitado tudo que a vida me ofereceu? Ter feito tudo o que eu quis fazer? Ter vivido todos os amores possíveis? Ter encarado todas as decepções que são necessárias pra um homem se tornar, de fato, um homem de verdade?

Agora, aos meus dezenove anos, eu sou ativo, alegre, esperto, disposto... cheio de vida. Essas coisas que todos nos, jovens, somos e temos quando chegamos nessa idade. Mas e mais pra frente, aos trinta, aos quarenta, aos cinqüenta anos?

Eu conheci algumas pessoas que diziam que é preciso viver o hoje. De fato eu concordo, mas eu não consigo não deixar de me preocupar com essas coisas, no futuro próximo, no futuro distante, no final.

Por isso, eu penso que se alguma coisa depende só de você para acontecer, faça logo! Mudar suas rotinas, suas amizades, seus amores, seus princípios. Abandonar o comodismo, a preguiça, o medo de tentar, de dar uma chance. Qualquer coisa que faça você se sentir melhor, ou qualquer coisa que você nunca tenha feito ou tentado fazer.

Não vire refém do destino. Não deixe pra pensar nessas coisas quando você ficar velho. Quando chegar aquela época em que você vai dizer “é, estou velho demais pra isso” E tenha certeza: Essa hora chega mais rápido do que você pode imaginar. Não deixe pra pensar em tudo o que você quer fazer, nas pessoas que você quer conhecer, nas experiências que você quer vivenciar quando você já não conseguir mais descer vinte degraus de uma escada em menos de vinte segundos.

18 julho, 2010

Xongas: Dia de Chuva

Não tenha dúvida: Se o sol não bater na janela do teu quarto quando você acordar, vai dar merda no seu dia. Chuva + frio + cidade grande  = dia de cão. É uma equação do capeta! Por quê? Por quê TUDO tem que parar se uma gota de água cai do céu?  Qualquer nuvenzinha mais escura no céu já pode ser o prenúncio do Armageddon urbano.
Essa semana, sexta-feira mais precisamente, o sol não bateu na janela do meu quarto. Acordei e abri a janela. Era o inferno cinza. Garoava e fazia um frio miserável. Pra piorar, ainda acordei meio atrasado (1 minuto, mas já deu pra perder o ônibus das 9:05, pontual como o sol que resolveu não aparecer naquele dia). Levantei ainda meio sonolento e procurando uns dos meus chinelos que eu nunca acho, tomei meu café santo de cada dia e tomei banho encolhido embaixo da água do chuveiro.
O meu chuveiro ou é demasiadamente quente ou extremamente frio. Não tem meio termo. Dá pra selecionar quatro posições: Ártico, Sul do Brasil, Nordeste e Inferno.
Troquei de roupa torcendo pra que a minha mãe tivesse acordado de bom humor e me levasse até o ponto de carro. Doce Ilusão. Fui a pé né. Cheguei no ponto e encontrei as mesmas pessoas de sempre (sinal de que não era só eu que estava atrasado). Depois de uns 5 minutos lá vem ele: 6031 – Term. Grajaú. E mais pessoas “conhecidas” a bordo do coletivo. Uma coisa que eu sempre achei estranho é o fato dessas pessoas se verem todos os dias e nunca se falarem. É como se fosse pecado querer saber alguma coisa sobre a vida da pessoa que senta do seu lado no ônibus todos os dias. E quanto chove aí é que elas não querem saber mesmo, as pessoas chegam a ser até mal educadas.
Cheguei ao terminal, subi correndo as escadarias pra pegar o trem que estacionava na estação ao lado do terminal. Uma estação de trem ou de metro é um lugar mais frio do que  qualquer outro lugar na cidade. Acho que é porque bate mais vento, sei lá! O problema é que a estação é muito fria e quando você entra no trem em um dia frio o ar condicionado está desligado. Choque térmico. Outro problema em dias de frio é o ar dentro dos vagões: pensa em umas 100 pessoas respirando o mesmo ar e que esse ar só sai do trem quando ele abre as portas na outra estação. Se alguém espirrar, tossir ou respirar mais forte do seu lado prenda a respiração, coloque a mão ou a blusa no rosto ou mate o infeliz que não leva um lenço no bolso e espere pelos 38 graus de febre ou por acessos mucosos de tosse tuberculosa.
Quando eu chego na estação final do meu percurso, lá vem o choque térmico de novo dessa vez do quente-abafado para o frio congelante. Na saída da estação você pode ver todo o púbico feminino abrindo guarda-chuva, mesmo que não esteja chovendo, se estiver aquele friozinho “Ops, minha chapinha” e o guarda-chuva armando (o cabelo também arma depois, sempre arma). Saindo da estação eu ainda tenho que andar uns 10 minutos pra chegar na empresa. É de praxe. Sempre está chovendo e eu nunca levo um guarda-chuva. Solução: Sair correndo de roupa social, todo engomadinho, desviando das poças d’água como ninja e aproveitando todos os toldos e coberturas pra tentar pegar menos chuva (que falta me faz uma carteira de motorista).
Quando consigo chegar inteiro, entro na sala onde trabalho, sento na cadeira e ligo o meu PC. Lá o ar condicionado funciona, e muito bem. Faz mais frio dentro da sala do que na rua ou no Data Center (lugar onde ficam os servidores, para os leigos). Ar condicionado é uma prova de que a democracia falha em alguns pontos. Se está bom pra mim, não está bom pra você. Se está bom pra nós, não está bom pra tia chata que trabalha no departamento ao lado (espero que ninguém da empresa leia o meu blog).
Eu nem saio pra almoçar pra não pegar mais chuva. E quando saio, sempre chove na saída do restaurante.  
Depois de 6 horas de trabalho e 15 minutos de almoço, vou pra casa. Saindo da empresa: Chuva! (E ainda tem gente que fala que a água vai acabar) faço o caminho inverso pra estação. Entrando no trem, outra vez o choque térmico, mas dessa vez você tem que compartilhar ar com 200 pessoas.
Nesse dia em especial, quando faltava UMA estação pro meu destino final, alguma coisa explode nos condutores elétricos que ficam fora do trem, bem acima do meu vagão (nosso, do mundo inteiro nesse caso). O trem teve força pra chegar na estação antes da minha. Fiquei meia hora parado dentro do trem. Quando finalmente as coisas parecem se normalizar, alguém aperta aquele botão de emergência querendo sair do trem. Depois de um tempo só escuto a maquinista: “Por defeitos elétricos e por uso indevido dos equipamentos do trem, esta composição não prestara mais serviço”. Aquela leva de gente saí do trem e passa pro outro lado da plataforma. E o trem quebrado paralisava um dos trilhos da estação. Ao ver aquelas almas esperançosas esperando um trem já cheio chegar e vendo que nenhum trem passava, nem indo e nem voltando, saí da estação e fui pro ponto de ônibus. Mesma situação. Decidi então ir pra outro ponto e pegar algum ônibus sentido centro e contornar o transito pra tentar chegar em casa antes das 20:00 (detalhe: eu saio as 16:00 e já eram 19:15).  Consegui, mas dei o azar de pegar uma chuva insana no caminho pra casa. Cheguei em casa parecendo um cachorro molhado e ainda tive coragem pra fazer aquele caminho de 20 minutos à pé pra academia. Pelo menos peguei só uma garoa fina na volta, menos mal.
Você deve estar pensando: “Você poderia resolver parte do seus problemas se comprar um guarda-chuva” Tá no inferno, abraça o capeta! Eu não gosto de usar guarda-chuva, minha mochila é enorme e às vezes eu preciso das duas mãos pra trocar a música no iPod. Não deixo meu iPod em casa. Não deixo, não deixo! Você, mulher, sai de casa sem maquiagem? É a mesma lógica...
That’s all Folks. E espero que não chova na segunda-feira.

14 julho, 2010

Xongas: Academias

Num universo perfeito, todas as pessoas teriam corpos e mentes desenvolvidos, perfeitos, simétricos. Sentiriam atração mútua, não pela necessidade de fatores externos e bens materiais, mas pela química cerebral que, naturalmente, estimula a produção de hormônios e feromônios de ambos os sexos, causando o que chamamos de “amor”.

Platão viajava né?

Academias de qualquer espécie, para homens, para mulheres, para ambos os sexos e para nenhum dos sexos são lugares aonde as pessoas vão para exercitar o corpo, fugir do sedentarismo, fazer musculação, aeróbica, pilates, yoga, dançar, enfim... Tantas coisas que não dá pra ficar rotulando.

Mas o que é complicado é o público freqüentador assíduo desses lugares: São os marombados viciados em aminoácidos e açaí e as patricinhas desocupadas.

Vamos por partes.

Os marombados viciados em aminoácidos e açaí são caras que vivem em função da academia, acham que são os pegadores por causa do físico desenvolvido e se acham os lindos e maravilhosos, sonhos de consumo de qualquer mulher. Mas, provavelmente, são caras que eram muito magros, burros, sem talento pra coisa alguma e com baixa auto-estima. Entraram na academia num momento de grave indecisão existencial e precisavam de alguma coisa para afirmar sua masculinidade: O culto ao corpo talvez tenha sido a decisão mais tangível. Esse espécime não sabe fazer outra coisa além de puxar ferro e, com o tempo, sua altura e sanidade mental são prejudicadas devido ao excesso de peso carregado numa tentativa frustrada de demonstrar atitudes de um macho-alfa. Não importa o horário em que você vá à academia, de manhã, de tarde, à noite, de madrugada, sempre haverá um espécime deste tipo treinando. Eu acredito que alguns deles dormem na academia, pois nunca se vê nenhum deles em outros ambientes (baladas, bares, festas). Acredito que eles fazem esses tipos de coisa na academia, durante uma série e outra de supino. São conhecedores natos de suplementos, bombas, dão dicas de treino para membros da mesma espécie só que menos desenvolvidos (fisicamente falando) e debocham de outras pessoas que não tem o físico igual ao deles.

Já as patricinhas desocupadas são mulheres que não trabalham, não estudam e vão para a academia só para chamar a atenção dos marombados viciados em aminoácidos e açaí. Por não terem vida social e por serem reconhecidas por todos os “amigos” e conhecidos como marias-gasolina, marias-chuteiras, outros tipos de marias e outros nomes de baixo calão, entram na academia para exercer sua “atividade” num ambiente mais reservado, com um público restrito, onde possam ter sua imagem (ou o que sobrou dela) menos denegrida (marias-halteres). Para localizar estes elementos numa academia, é só olhar para a parte da academia onde se treinam os glúteos (que, por coincidência, fica perto da área de treino com halteres, habitat natural dos marombados).

Não tentem argumentar nada com essas duas espécies. Só sabem coisas relativas à academia, da vida alheia e tem alguma noção de anatomia.

Uma coisa que é estranha nas academias é o revezamento: Dois animais “competindo” pra ver quem pega mais peso e quem deve ser, com méritos, considerado mais masculino que o outro(não to generalizando, pelo amor de Deus, não me entendam errado!). Você tá lá, fazendo o seu exercício com 5 quilos, de repente aparece um Uber do filme “300” e pergunta: “Posso revezar com você, brother?”. “Ah , claro!”. Tem gente que levanta tanto peso que, quando o peso toca o aparelho ao fim do exercício, treme o chão da academia inteira e faz aquele “PÁ” que ecoa na academia inteira. Acho que esse deve ser o som da “masculinidade” se propagando.
















Vai revezar comigo, não vai?


Pior é quando você tem que revezar com mais de uma pessoa. É quase como ter que revezar lugar num restaurante (único exemplo lógico que eu pensei a essa altura da noite). Pior ainda são as pessoas que não pedem pra revezar. “Opa, to chegando, não tinha ninguém quando eu cheguei, vi primeiro.” Isso só pode ser sacanagem!
Outra coisa que não faz o mínimo sentido: Homens que vão pra academia e só treinam a parte superior e mulheres que só treinam a parte inferior do corpo. Fazem o estilo físico “coxinha” (como diz um amigo meu). É só reparar por outros ângulos: A parte que ele(a) treina mais, cresce desproporcionalmente em relação a outras partes do corpo. Ridículo. Até uma criança de 10 anos sabe que isso tá errado (já vi algumas treinando).

E os novatos. Ah, pobre raça infeliz. Entram na academia na esperança de se tornar um dos elementos descritos acima. Com o ego em ascensão e quando o instrutor não está vendo, pegam o primeiro aparelho que veem pela frente e começam a fazer os exercícios de uma forma completamente non-sense. Quase vi um pirralho levantando vôo enquanto fazia halteres alternados (“Pega dois pesinhos, senta lá e começa a levantar um de cada vez” como diz o instrutor). Quase vi gente se enforcando no supino ("pega uma barra, poe cinco quilos de cada lado, coloca naquele suporte, deita lá e trabalha a barra até o peito", como diz o instrutor... ah, trabalho fácil!). Ontem mesmo salvei um condenado da morte que fraquejou no meio da série de supino e deixou a mão esquerda vacilar. Ia ser um degolamento lindo, lindo, lindo! “Ah, esqueci de contar as repetições e me perdi” Esqueceu que é o braço direito é mais forte que o esquerdo. Puberdade...

É um clichê. A síndrome do corpo perfeito. A sociedade impõe que seu corpo seja definido, que você seja magro e saudável. Você precisa ter isso pra “ser aceito”. A única coisa que me motiva a ir pra academia de segunda a sábado é saber que, se eu virar sedentário, vou ter um infarto daqui a uns dois anos (digamos que eu não me alimente muito bem e não queira seguir o exemplo do meu pai, hipertenso). Mas existem outras coisas que me desmotivam: Aqui onde eu moro a academia mais próxima fica a 20 minutos da minha casa, à pé. Ô inferno. O meu treino deveria ser ir pra academia e voltar pra casa. Mas tudo bem... “Seu coração agradece, agora volta pra casa, champs!”

That’s all Folks!

13 julho, 2010

Significado. Sentido. Senso



Vivemos frenéticamente, insanamente. Eu, de vez em quando, não tenho tempo nem pra mim. Eu queria ficar escrevendo aqui o dia inteiro, escutando Jack Johnson. A gente acaba esquecendo de tudo, mas não de tudo que nos é obrigado a saber, mas de tudo que nós deveríamos lembrar: Família, amigos, viagens, sonhos pessoais, realizações ainda não concretizadas, amores novos ou antigos.  No ritmo que as coisas andam, se você parar pra pensar, mas parar pra pensar mesmo, uma pergunta vai surgir na sua mente:
Aonde tudo isso vai me levar?
Esse mito, história indecifrável, toca os sentidos e nos coloca em xeque. Onde vamos estar daqui a 10, 20 anos. Daqui a 10 segundos. Quantas vezes vamos mudar de opinião durante todo esse tempo. Eu, particularmente, acho que essa é a graça da vida: Não saber pra onde estamos indo. É como dirigir um carro por uma rodovia cheia de entradas e saídas. Entramos em algumas delas, saímos em outras, com outras perspectivas, outras visões do mundo, outras visões de nós mesmos. Prova: Repare no jeito em que você acorda e, mais tarde, repare como você esta indo dormir. O mundo nos muda, como já dizia Raul, somos metamorfoses ambulantes. Nos adaptamos as coisas. Os homens das cavernas se adaptaram ao frio da Era Glacial. Seleção natural. Ainda funciona conosco, a única diferença é que inventaram a tecnologia.
Aprendemos a superar nossos medos, aprendemos a superar expectativas, a confiar em nós mesmos, a suportar irritações, a conviver com o stress, a amar, a perdoar. Porém todas essas coisas não respondem a nossa pergunta inicial. Filósofos, cientistas e antropólogos já construíram teorias. Religiões argumentam sobre várias possibilidades. A cada dia aparecem mais e mais teorias, especulações. Em quem acreditar?
Mais do que acreditar em alguma coisa, a importância de tudo isso não é o amanhã. As mudanças que acontecem no nosso dia-a-dia, tudo o que aprendemos, tudo o que superamos, tudo o que sabemos nos faz evoluir. Sentimos-nos recompensados quando completamos algum trabalho importante, quando criamos coragem de fazer algo que, antes, tínhamos medo. Sentimos-nos  renovados quando fazemos alguma coisa completamente insana, sem nexo, fora do comum.
Isso tudo nos faz pessoas melhores, alimenta o lado bom do nosso ego. Crescemos. Nosso pensamento evolui.
Qual foi a ultima coisa que proporcionou isso pra você?

07 julho, 2010

Xongas: São Paulo

Pode falar o que quiser do Governo, do Estado, do País... se você prestar atenção (acho que nem precisa prestar atenção) no movimento das ruas de São Paulo numa "bela" tarde ensolarada de quarta-feira você vai perceber qual é o problema dessa cidade: A quantidade de pessoas que moram aqui. Como que as pessoas querem morar num bom lugar, com igualdade social e esse moralismo e baboseira toda* sendo que aqui nessa megalópole mora tanta gente que até parece um município da Índia (sem os surtos de Cólera)?

É como querer dividir uma pizza pra 5 amigos... sacanagem!


Mas não é só isso que me irrita. Acho que uma das reclamações clássicas de quem mora na Terra da Garoa é o Transporte Coletivo (consegue fazer a analogia da Pizza? Dividir espaço para 70, para 170). O pior dos problemas não é a quantidade, é a qualidade. Eu confesso que queria entender o que se passa na cabeça da pessoa que entra no ônibus, trem ou metrô e acha legal colocar toda a playlist do celular pra tocar, em alto e "bom" som, pra todo mundo ouvir. Pior são aqueles que tem a decencia de comprar um fone de ouvido, mas de tanto ouvir, já ficou surdo, sendo assim, tem que ouvir no talo... dá pra escutar do fundo do ônibus e pra ele ainda tá baixo! No mínimo a pessoa deve pensar: "Meu gosto musical é ótimo, vou compartilhá-lo com o resto do pessoal. oooooooww Escuta aí Brother, chega ae, chega ae!" Eu não me vejo entrando num ônibus com celular no pescoço e AC/DC saindo do auto-falante... no mínimo alguém ia me espancar por tentar mudar o estilo musical e "inovar" nesse mercado.


Também queria entender, juro que queria entender aquelas pessoas, principalmente aquelas mulheres mais velhas (apelidadas "carinhosamente" por um amigo meu de Tiazinhas) que entram nos coletivos com as compras do mês na mão. Não tem lógica sair da casa do c****** pra fazer compras em supermercados como o Extra e Carrefour se você tem um mercado perto da sua casa. P**** meu, qual a diferença entre a lasanha congelada que você compra num Carrefour que fica a 50 anos-luz da sua casa e a que você compra no mercadinho da esquina? Acho que eu sei: a do Carrefour, com o calor humano dentro do transporte coletivo, já chega em casa pronta! Ô Raios!

Esses dias eu estava voltando de um dia de trabalho numa lotação, quando ela parou num ponto e uma moça entrou com uma sacola tamanho king-size das Casas Bahia: Eu desci do ônibus... sacanagem!

Semana passada eu me empenhei uma missão difícil, quase impossível: Tirar uma segunda-via de RG. Descendo a rua do PoupaTempo de Santo Amaro, cruzando a Barão de Rio Branco, uns 50 metros mais ou menos, aparecem de não sei aonde, umas 5 milhões de pessoas querendo que você tire foto pra documento com elas. Urubú na carniça. São aqueles anunciantes vestidos com uma espécie de macacão onde são grudadas as promoções (eu pensei que essa moda já tinha acabado). Só que tem um detalhe: as fotos que eles anunciam são 2x2... [pausa pra respirar fundo e controlar a vontade de tomar mais um Prozac]. O que raios eu quero fazer com uma foto 2x2? Só se ela vier com anti-mofo pra colocar na carteira! Ou para o público feminino, dá pra usar naquele estilo de pintura de unhas, a francesinha.

Trabalhar no PoupaTempo ou em qualquer repartição pública é subumano. Você vai perguntar alguma coisa pra um atendente e ele faz aquela cara de "Como posso lhe ser INútil?". Lá eles tem um esquema para guiar as pessoas para os determinados departamentos que elas querem ir por faixas coloridas estampadas no chão. "Siga a faixa marrom para: Correios, TSE", "Siga a faixa azul para: Identificação, CNH, Certidões e etc." Deveriam criar uma faixa preta escrito: "Siga a faixa preta para: Mortos pelo cansaço, pela espera, pela fila, pela senha que nunca chega..." Após pagar os R$ 27,94 da segunda via do RG tive que esperar na fila pra pegar uma senha... é a espera da espera... Ê Brasil! Após uma hora e meia de espera, peguei a senha: N9224 - Painel 1. Chegando ao final da faixa azul me deparei com um mar de gente. Por um minuto pensei: "Aqui deve ter alguma coisa de graça". Entre as pessoas que foram chamadas e voltaram, as que deixaram a senha passar e as que não sabiam ler, chamaram a minha senha. A moça que colheu as minhas digitais sorria e dava risada. Também, com a quantidade de palhaços reunidos num mesmo lugar e um pior ainda na frente dela... eu também daria muita risada. "Vem buscar a Cédula nova amanha após as 18:00"

Cheguei ao PoupaTempo, no dia seguinte, 5 minutos mais cedo. Ainda não tinham emitido. Me fizeram pegar outra senha, esperar mais uma hora, só pra me dizer que houve "conflito nas digitais" e que eu ia poder retirar a Cédula nova no outro dia em qualquer horário. P**** meu, eu não troquei de mão nem enfiei ela em nenhuma panela de àgua fervente! Fui embora frustrado e um pouco nauseado.


No outro dia, consegui finalmente pegar a maldita segunda via do meu RG... vou guardar com carinho, pra ficar como medalha de guerra, honra ao mérito sabe...


Amanhã eu tenho que ir no Detran. Vou ter mais história pra contar!

That's All Folks!


*Antes que você me crucifique, me critique e me aponte como destruidor da moral ética e cívica, deixo minha opinião: Cada pessoa tem idéias e sabe o que pode fazer pra morar num lugar melhor, o que acontece é a colisão de idéias, de ideais. 510 anos se passaram e ainda há desentendimentos por aqui.

05 junho, 2010

Experiências

Passamos boa parte da vida engajados em ser alguém. Passamos boa parte do nosso tempo trabalhando, estudando, cuidando de filhos ou da família. Entre noitadas, festas, incontáveis copos de cerveja e muita música, tentamos descobrir qual é o sentido de tudo isso. Qual é o sentido dos compromissos, dos empregos, das reuniões intermináveis, dos relacionamentos frustrados, das compras, dos desejos de consumo, das alegrias divididas e das tristezas que martirizamos, solitárias, dentro de nós.

O que tudo isso significa?

Não que as coisas que temos e o que fazemos não sejam importantes. O fato de adaptar as coisas (sejam materiais ou não) à nossa vida, dá a elas um valor sentimental para o dono. Esse valor que é dado à elas esconde uma das vertentes mais importantes do real sentido de viver: As experiências que essas coisas proporcionam.

Curta os grandes e pequenos momentos, sinta as experiências. Seja ativo, pró-ativo. Largue a preguiça, levante mais cedo para correr, troque as escadas rolantes por escadas fixas, sinta o cansaço em suas pernas. Interaja com as pessoas, sinta-se querido. Seja dono do seu próprio dinheiro. E, acima de tudo, agradeça a Deus por tudo. Isso tudo são experiências.

Felicidade? Pra mim é consequência disso tudo.

E você? Quais as situações que você vivencia todos os dias e que te fazem bem? Quais são as suas experiências de vida?

_ _

Andei meio afastado por causa de trabalho acumulado e provas finais da faculdade (não que isso tudo tenha acabado). Nas férias eu prometo atualizar essa joça aqui!

That's all Folks!

07 maio, 2010

Olho Por Olho

Hoje terminei de reler o livro "Estação Carandiru" escrito pelo Dráuzio Varella.
O livro é muito bom. Revela muitas vertentes do sistema prisional brasileiro e é cheio de histórias narradas com o olhar atento e detalhista do Dr. Dráuzio.

Segue um capítulo do livro:

Have Fun Kids!
__


Charuto entrou com o dedo enterrado numa cebola cozida. A mão esquerda amparava a outra; nesta, os dedos estavam dobrados, com exceção do indicador, esticado, a metade distal introduzida num túnel aberto na cebola quente, de sair fumaça.


Sentou-se à minha frente, com cara de dor, e desembainhou o dedo ofendido. Estava bem inchado; na ultima falange, logo abaixo da linha de inserção da unha, havia dois cortes profundos, transversais, simétricos em relação à linha média, no meio de um hematoma pulsátil.

- Mordida de rato?

- É, doutor, atingiu o osso

Ratos de várias raças infestavam o presídio. No escuro, circulavam pelas galerias, corredores e interior das celas. Na Cozinha Geral, após a distribuição da janta, mal os faxinas acabavam de enxugar o chão esburacado, o exército murino invadia o território e saqueava a dispensa. Ao clarear do dia, inimigos da luz, escondiam-se nos esgotos até cair outra noite, inexpugnáveis.

- Foi meia hora atrás

- Mordida de rato de dia?

- Estava trabalhando, ó, doutor, desentupindo aquele esgoto que entope no pavilhão Dois, quando aconteceu o acidente.

Charuto tirou a tampa de ferro que cobre a abertura do esgoto que sempre entope, em frente à fachada do Dois. O buraco estava até a boca de tranqueira e comida velha boiando. Desceu naquela água imunda, até os joelhos, e começou a tirá-la com um balde. Quando a manilha grossa apareceu, Charuto enfiou a mão pela lateral, para retirar um saco plástico que atrapalhava o desentupimento. Neste momento sentiu uma dor lancinante, assim descrevia:

- Pegou horrível na ponta do dedo, fina, ardida, e espalhou como um choque pelo braço; deu até amargor na boca.

Puxou a mão, no reflexo; veio junto o rato pendurado no dedo indicador, mordendo fixo. Era preto, enorme:

- Pensei até que fosse um cachorrinho desses de madame.

No desespero, a mão desenhou um circulo no ar e bateu o rato contra o cimento, mas a pega estava tão firme que não soltou. Infernizado com a dor que até choque dava, o rato travado no osso, Charuto levantou o braço o mais alto que pode e despencou o animal no chão; com toda força.

- Só ai, com o perdão da palavra, foi que o desgraçado largou, ficou esperneando as patinhas pra cima.

- Morreu?

- Que nada, doutor, o bicho é o demômio!

Foi então que Charuto, cego de ódio, agarrou o inimigo com as duas mãos, segurou-lhe a boca para não levar outra mordida e vingou-se:

- Cravei os dentes na mente do infeliz. Mordi duro, até ele parar de debater. Depois escovei os dentes e, já era.



Extraído do Livro: Estação Carandiru, por Dráuzio Varella
2003 - Ed. Schwarcz
2º Edição

1º Reimpressão

06 maio, 2010

O Cara da Informática

Geralmente não sou de ficar passando corrente para outras pessoas, mas como veio a calhar no meu caso, sugiro que você dê uma lida aqui antes de me pedir qualquer coisa, pois, eu sou um dos Caras da Informática.

1) O Cara da Informática dorme. Pode parecer mentira, mas o Cara da Informática precisa dormir como qualquer outra pessoa. Esqueça que ele tem celular e telefone em casa, ligue só para o escritório.




2) Cara da Informática come. Parece inacreditável, mas é verdade. O Cara da Informática também precisa se alimentar e tem hora para isso.



3) Cara da Informática pode ter família. Essa é a mais incrível de todas: Mesmo sendo um Cara da Informática, a pessoa precisa descansar no final de semana para poder dar atenção à família, aos amigos e a si próprio, sem pensar ou falar em informática, impostos, formulários, consertos e demonstrações, manutenção, vírus e etc.



4) Cara da Informática, como qualquer cidadão, precisa de dinheiro. Por essa você não esperava, né? É surpreendente, mas o Cara da Informática também paga impostos, compra comida, precisa de combustível, roupas e sapatos, e ainda consome Lexotan para conseguir relaxar... Não peça aquilo pelo que não pode pagar ao Cara da Informática.


5) Ler, estudar também é trabalho. E trabalho sério. Pode parar de rir. Não é piada. Quando um Cara da Informática está concentrado num livro ou publicação especializada ele está se aprimorando como profissional, logo trabalhando.


6) De uma vez por todas, vale reforçar: Cara da Informática não é vidente, não joga tarô e nem tem bola de cristal, pois se você achou isto demita-o e contrate um paranormal o detetice Ele precisa planejar, se organizar e assim ter condições de fazer um bom trabalho, seja de que tamanho for. Prazos são essenciais e não um luxo... Se você quer um milagre, ore bastante, faça jejum, e deixe o pobre do Cara da Informática em paz.

7) Em reuniões de amigos ou festas de família, o Cara da Informática deixa de ser o Cara da Informática e reassume seu posto de amigo ou parente, exatamente como era antes dele ingressar nesta profissão. Não peça conselhos, dicas... ele tem direito de se divertir.


8) Não existe apenas um "levantamentozinho" , uma "pesquisazinha" , nem um "resuminho", um "programinha pra controlar minha loja", um "probleminha que a maquina não liga", um "sisteminha" , uma "passadinha rápida"(alias conta-se de onde saimos e até chegarmos), pois esqueça os "inha" e os "inho" (programinha, sisteminha, olhadinha)" pois os Caras da Informática não resolvem este tipo de problema. Levantamentos, pesquisas e resumos são frutos de análises cuidadosas e requerem atenção, dedicação. Esses tópicos podem parecer inconcebíveis a uma boa parte da população, mas servem para tornar a vida do Cara da Informática mais suportável.


9) Quanto ao uso do celular: celular é ferramenta de trabalho. Por favor, ligue, apenas, quando necessário. Fora do horário de expediente, mesmo que você ainda duvide, o Cara da Informática pode estar fazendo algumas coisas que você nem pensou que ele fazia, como dormir ou namorar, por exemplo.


10) Pedir a mesma coisa várias vezes não faz o Cara da Informática trabalhar mais rápido. Solicite, depois aguarde o prazo dado pelo Cara da Informática.


11) Quando o horário de trabalho do período da manhã vai até 12h, não significa que você pode ligar às 11:58 horas. Se você pretendia cometer essa gafe, vá e ligue após o horário do almoço (relembre o item 2). O mesmo vale para a parte da tarde: ligue no dia seguinte.


12) Quando Cara da Informática estiver apresentando um projeto, por favor, não fique bombardeando com milhares de perguntas durante o atendimento. Isso tira a concentração, além de torrar a paciência. ATENÇÃO: Evite perguntas que não tenham relação com o projeto, tipo como.... vocês entendem é claro....


13) Cara da Informática não inventa problemas, não muda versão de Windows, não tem relação com vírus, Não é culpado pelo mal uso de equipamentos, internet e afins. Não reclame! O Cara da Informática com certeza fez o possível para você pagar menos. Se quer emendar, emende mas antes demita o Cara da Informática e contrate um quebra-galho.


14) Os Cara da Informática não são os criadores dos ditados "o barato sai caro" e "quem paga mal paga em dobro". Mas eles concordam...



15) E, finalmente, o Cara da Informática também é filho de Deus e não filho disso que você pensou...


O Cara da Informática agradece!

30 abril, 2010

Tempo

"Nossa, já são 6:00, tenho que levantar... caramba, não passei minha camisa, vou chegar atrasado, meu chefe vai falar um monte pra mim... e aqueles relatórios, eu esqueci completamente... poxa, ainda tenho que passar no banco. Meu, amanhã eu vou começar a me organizar... putz, 6:05..."


Frenético né? Parece uma doença: as pessoas vivem com a cabeça no amanhã, se enchem de responsabilidades e de obrigações e esquecem de viver o hoje, como se o hoje fosse simplório e como se o amanha fosse uma coisa certa.

Ficamos assim seja por sonhos que temos, por nossas ambições, por causa da maldita globalização ou qualquer outra coisa pessoal demais pra ser escrita aqui. Sonhar e ter ambições? Todos devem sonhar e ter ambições! Mas saiba perceber que o seu sonho ou a sua ambição só se concretizará com as coisas feitas por você hoje.

Por ficar pensando só no amanha, tendemos a ficar pessoalmente perdidos em nossas rotinas ao procurar soluções para as coisas e deixar de procurar soluções para nós mesmos. Vivemos só por viver, no "automático" e esquecemos de milhões de coisas mais importantes como passar um tempo com os nossos amigos, nossos parentes, esquecemos que é bom sair pra dar uma volta à pé, sozinho mesmo, e sentir o vento frio batendo no rosto ou como o céu fica bonito depois do entardecer.

Esses dias uma amiga minha me mandou um e-mail com um texto muito interessante que falava sobre isso:

"Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e rezamos raramente.
Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.
Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas não o nosso próprio.
Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.
Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos menos; planejamos mais, mas realizamos menos.
Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.
Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos menos.
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas".
Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na dispensa.
[...]
O segredo da vida não é ter tudo que você quer, mas amar tudo que você tem.
Por isso, valorize o que você tem e as pessoas que estão ao seu lado.

George Carlin
Renato Russo uma vez cantou: "É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã." Então por quê não amar o tempo que temos e que vivemos agora com essa mesma intensidade? Não devemos nos esquecer que este tempo é único, irreversível e jamais voltará de novo.

28 abril, 2010

Longe do Ócio

Toda semana, segunda à sexta-feira nós, jovens ativos, trabalhamos 8 horas por dia e estudamos em média 5 horas por dia.  Aos finais de semana, corremos pra colocar a vida acadêmica em dia com trabalhos, projetos e provas. Acaba por sobrar pouco tempo para nos dedicar aos amigos, a nossa família, aos nossos hobbys.

Quer ver: Faça uma lista das coisas simples que você gosta de fazer e que te deixam feliz de verdade e assinale todas que você já fez nessa semana.

Essa rotina estressante e cheia de desafios muitas vezes impede que façamos bom uso do nosso tempo com coisas que nos fazem felizes de verdade.
Depressão é coisa comum de se ver em jovens da nossa idade. Alguns não aguentam a pressão do dia-a-dia e acabam desandando, perdendo ânimo na vida e agindo de má fé contra os seus próprios princípios.

Daí fica a pergunta: Como aproveitar essa importante fase da nossa vida sem deixar de lado as responsabilidades que ela tráz?

3G/4G e 3º Mundo

Apesar dos muitos aspectos que incentivam a descoberta e desenvolvimento de novas tecnologias o aspecto mais importante é o que menos sofre valorização: Inclusão Digital.
Sempre que uma tecnologia nova é lançada, milhares de experts em tecnologia, geeks em geral e blogueiros deduzem como essa nova tecnologia irá afetar o cenário tecnológico atual. Mas o cenário que é esquecido de avaliar é, como essa tecnologia será propagada para classes que estão mais afastadas dessa tecnologia.



A Tecnologia 3G chegou há alguns poucos anos no Brasil, tornando-se mais popular com o advento do iPhone no mercado de telefonia móvel.

Mas não é todo mundo que vemos com um celular/smartphone na mão acessando recursos como a Internet pela tecnologia 3G. Esses recursos estão mais acessíveis para clientes corporativos, para grandes executivos, mas não para consumidores comuns. Para aproveitar todos os recursos que o 3G nós dispõe, um simples plano pré-pago da sua operadora deixa muito a desejar, sendo assim, planos pós-pagos são opções melhores para usufruir de todos esses recursos. Mas nem todos tem dinheiro sobrando pra esbanjar em contas de celular.


E a Tecnologia 4G já chegou!


A história fica mais interessante quando novas tecnologias são inseridas depressa demais no mercado. Com o 4G batendo na porta do mercado brasileiro, a curiosidade do consumidor aumenta, são criadas expectativas em relação ao produto/serviço e o olhar ao novo produto acaba ofuscando o produto/serviço antigo, deixando o consumidor um tanto quanto confuso na hora de avaliar a relação custo/beneficio de serviços tão relacionados como 3G/4G.

O ponto principal é: Além de desenvolver novas tecnologias, as empresas e todas as políticas públicas de Estado deveriam trabalhar para aliar desenvolvimento tecnológico com a dispersão dele para toda a sociedade, propiciando inclusão digital. É claro que isso não depende só das atitudes das empresas. O Brasil atrasa a absorção de conteúdo novo de mercado devido à nossas politicas de importação. No caso do 3G, custa muito mais caro manter um celular pós-pago com 3G aqui no Brasil do que na Suíça (aliás, 3G já é obsoleto por lá) onde preços de telefonia móvel e banda larga são mantidos a preços irrisórios. Isso também se aplica à outros tipos de produtos/serviços.

Resumindo: Vivemos num país onde as políticas públicas nos impedem de crescer.

27 abril, 2010

Riso sem Causa

Tá certo, eu sei que moramos no Brasil. Aqui todo mundo é feliz (alguns até feliz demais) fazemos piadinha com tudo e com todos e rimos dos nossos problemas como se fossem as coisas mais simples do mundo. E nada que aquela cerveja no final do expediente não ajude a esquecê-los ou postergá-los.
Eu poderia ficar aqui e dizer que "é assim mesmo, temos que ser felizes mesmo!".

Infelizmente, não é assim que a banda toca.

Rir dos nossos problemas é fácil, mas não é uma maneira de resolve-los. Enquanto rimos dos nossos problemas, eles crescem em escalas enormes. É só olhar o exemplo da Política no Brasil. Quantos escândalos já presenciamos sem nos importar com os impactos sociais que eles causam e, ao invés disso, ficar rindo como se tudo isso fosse um show de Stand-Up Comedy? Toda vez que algum escândalo acontece em Brasília e repercute no resto do país é difícil vermos alguma pessoa interessada em saber quem vai ser punido, quem vai pagar o preço, como vai ficar depois disso, mas é fácil ver muita gente fazendo piadinha manjada e sem graça com esse tipo de situação.

Pior: o mesmo lugar que nos "revela" essas coisas é de onde saem as "melhores" piadas: a TV.

Do jeito que brasileiro gosta de TV já dá pra perceber o efeito que isso causa. Une-se o "útil" ao "agradável" e voilá: a m***** está feita! A TV destrói a sua opinião e você nem percebe.

Minha pergunta é: Quando a graça vai acabar?

Eu não sou um ditador, também gosto de rir, de ser feliz. Mas equilibrar o comportamento sendo sensato e parar pra pensar que coisas como corrupção não são pra rir são atitudes mais que necessárias.

Sinceramente, não acho que isso seja engraçado:











"Sim, estou roubando o seu dinheiro e você vai achar graça disso!"

24 abril, 2010

Amigos Para Sempre!

Eu dou muita risada com algumas coisas. Aquele comercial do Palio Economy sabe, daquela musiquinha: Amigos para sempre láláialáialáiá... toda vez que eu vejo eu dou muita risada.

É legal sabe, saber que mesmo com os seus defeitos, os seus amigos sempre vão gostar de você, pois sabem reconhcecer o seu valor e as suas caracteristicas boas.


Acho que é isso que falta em nós... ao invés de apontar defeitos nas pessoas apontar qualidades para elevar o valor delas. As pessoas tem a necessidade de serem aceitas, de serem reconhecidas. Um elogio eleva mais a moral e a auto-estima de uma pessoa do que uma critica construtiva.



Mas, infelizmente, os tempos mudaram, agora somos obrigados a saber separar amigos de colegas. As pessoas tem a habilidade de se mascarar sobre muitas personas e acabam distorcendo sua real imagem. Foda né?

23 abril, 2010

O Problema

Imagine o cenário: Você está no escritório de uma empresa e de repente um colega de trabalho seu pergunta: -Cara, como eu troco o meu papel de parede? Imaginou? Bom.

Eu já presenciei essa cena milhões e milhões de vezes, e não só com um simples papel de parede, mas com pessoas q não sabiam criar atalhos para programas no computador, que chegam com DISQUETES na mão pedindo pra pegar alguns arquivos, etc, etc...

Não é possível(pelo menos eu custo a acreditar) que se trabalhe numa empresa e que saiba tudo sobre o negócio, mas que não saiba fazer uma tarefa simples como copiar um arquivo de uma pasta para outra. Nos tempos em que vivemos isso é fundamental, é quase tão necessário como saber ler e escrever. A causa do problema, pra muitas pessoas, é achar que computador significa isso...

-Vem cá usuário maldito!


...quando na verdade deveria ser isso...


-Vem cá meu bem que eu tô facinho... Estou aqui pra te ajudar.

Exclusão Digital não é o problema. Exclusão digital só se caracteriza quando um indivíduo não tem escolaridade nem recursos suficientes para ter um computador em casa, ou pra usufruir de um em qualquer outro lugar (uma Lan House, por exemplo).

Ah, mas você poderia me falar “tem pessoas que não aprendem tão rápido, que é difícil mesmo pra elas”. Hoje em dia se você entregar um computador com Internet pra uma criança de 10 anos ela volta depois de um mês sabendo escrever um livro em binário.

O problema em si não é educacional, político, social, nem essas ladainhas todas pois é muito fácil botar a culpa da sua desgraça em alguém. É psicológico. Pessoas não estão dispostas a entender e aprender coisas “complexas”. A preguiça ou a falta de boa vontade apodrece o cérebro das pessoas e as transformam em robôs.

Agora expanda esse pensamento sobre outros termos (ex: Política) e reflita sobre o ponto em que o Brasil chegou.

That's All Folks

Amigos Diários

Eu sempre achei super interessante o fato de sairmos para trabalhar ou estudar todos os dias e, aos pegarmos transporte público, nos depararmos com as mesmas pessoas de sempre. É como se tivéssemos um vínculo com essas pessoas. Já cansei de reparar pessoas observando e se entreolhando entre pontos de ônibus e estações de trem, mas elas se comportam como se fossem estranhos, ou fingem que se perdem no som que sai dos fones de ouvido, viajam por mundos paralelos além da janela ou ficam de cara feia. Às vezes, acho que a cara feia e emburrada é a expressão normal de qualquer pessoa que anda por aí.

Só que são poucas as pessoas que tem consciência disso e se propõem a dialogar com esses amigos diários. Não sei o que se passa na cabeça de quem faz isso, ou de quem deixa de fazer, também não vou ficar falando “Ah... tem q sair conversando com o ônibus inteiro” Ai vira aquela feira e sua viagem se transforma num inferno e você ganha, quase que de graça, mais um dia de cão.

Mas dá pra ficar pensando: “Caramba, meu final de semana podia ser bem diferente se eu conhecesse aquela que fica lá no banco mais alto da lotação, perto da janela” ou “aquele cara deve ser legal”. A parte chata é q a maioria das pessoas não está disposta a fazer isso, ou age por vaidade, não sei... Cada um, cada um.

Inicio

Eu gosto de escrever, acho que isso dá um bom post de inauguração.
=D