28 novembro, 2010

Contador de Estrelas

Subiu de volta ao quarto. Não mais imerso naqueles pensamentos ruins que insistiam em martelar sua consciência, desligou o rádio, apagou a luz e abriu a janela. Viu o céu escuro, aberto, com tantas estrelas, mas tantas estrelas que se sentiu em outro lugar no espaço, em outra dimensão, em um universo paralelo, um universo só dele. Imaginou se haveria outros como ele em outras constelações, já que um ponto minúsculo no céu, visto daqui, pode ocultar um planeta semelhante a esse, com outros seres, talvez até iguais à nós. 
Perguntou-se se havia outros com os mesmos sonhos, pensamentos, ilusões, anseios, tristezas e alegrias que ele tinha. Perguntou-se se os outros "Eus" também cometiam os mesmos erros e acertos que ele, um dia, cometeu.

Sentou-se à beira da janela, sentiu a brisa noturna acariciar suas bochechas e balançar uma mecha do cabelo que deslizava, teimosa, na sua testa. "O que os outros "Eus" estão fazendo agora?" Perguntou à si mesmo, num tom irônico, tentando achar alguém pra compartilhar aquelas coisas. 

Deitou-se em sua cama com a janela entreaberta, ainda enxergando algumas estrelas naquele céu límpido. Suspirou forte, virou-se para o lado e, rindo, disse:

"Nenhum "Eu" é mais importante do "Eu" que existe aqui dentro"


Nenhum comentário:

Postar um comentário