04 janeiro, 2011

Você não se permite

Você não se permite mais andar sem destino, não se permite mais sentir o frio que sobe pelas pernas ao andar do pé descalço no chão gelado, não se permite mais sentir o vento bater no seu rosto e balançar aquela mecha do seu cabelo que, teimosa, dança na sua testa, não se permite mais sentir o arrepiar da pele, o suspiro profundo, sincero, com razão. Você não se permite experimentar algo novo sem medo de se arrepender, se machucar, sem medo de viver. Você não se permite mais chorar, deixar a tristeza dominar o recôndito da sua alma, lugar aonde você mesmo talvez nunca tenha ido e sentir o desgosto da dúvida, da incerteza, do não saber no que vai dar. Não se permite sentir se assim pelo menos um dia na sua vida.

Você se permite andar por onde não quer, sentir o gosto ruim da culpa por não ser quem você queria ser, prefere sentir-se numa embriaguez mental e iludir-se com coisas mundanas. Você se permite viver com o que é velho, se limita só às coisas que conhece e ao seu mundo fechado, criou padrões e segue-os a risca e sabe que não sabe o porquê disso tudo. Permite-se chorar por motivos tão vagos, sentir-se responsável como uma pessoa de trinta, quarenta, cinquenta anos e pula fases da sua vida que implora, grita dentro de si, clamando por atenção. 

Permite-se viver nesse marasmo e comodismo louco que costuma chamar de vida.
 

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