18 julho, 2010

Xongas: Dia de Chuva

Não tenha dúvida: Se o sol não bater na janela do teu quarto quando você acordar, vai dar merda no seu dia. Chuva + frio + cidade grande  = dia de cão. É uma equação do capeta! Por quê? Por quê TUDO tem que parar se uma gota de água cai do céu?  Qualquer nuvenzinha mais escura no céu já pode ser o prenúncio do Armageddon urbano.
Essa semana, sexta-feira mais precisamente, o sol não bateu na janela do meu quarto. Acordei e abri a janela. Era o inferno cinza. Garoava e fazia um frio miserável. Pra piorar, ainda acordei meio atrasado (1 minuto, mas já deu pra perder o ônibus das 9:05, pontual como o sol que resolveu não aparecer naquele dia). Levantei ainda meio sonolento e procurando uns dos meus chinelos que eu nunca acho, tomei meu café santo de cada dia e tomei banho encolhido embaixo da água do chuveiro.
O meu chuveiro ou é demasiadamente quente ou extremamente frio. Não tem meio termo. Dá pra selecionar quatro posições: Ártico, Sul do Brasil, Nordeste e Inferno.
Troquei de roupa torcendo pra que a minha mãe tivesse acordado de bom humor e me levasse até o ponto de carro. Doce Ilusão. Fui a pé né. Cheguei no ponto e encontrei as mesmas pessoas de sempre (sinal de que não era só eu que estava atrasado). Depois de uns 5 minutos lá vem ele: 6031 – Term. Grajaú. E mais pessoas “conhecidas” a bordo do coletivo. Uma coisa que eu sempre achei estranho é o fato dessas pessoas se verem todos os dias e nunca se falarem. É como se fosse pecado querer saber alguma coisa sobre a vida da pessoa que senta do seu lado no ônibus todos os dias. E quanto chove aí é que elas não querem saber mesmo, as pessoas chegam a ser até mal educadas.
Cheguei ao terminal, subi correndo as escadarias pra pegar o trem que estacionava na estação ao lado do terminal. Uma estação de trem ou de metro é um lugar mais frio do que  qualquer outro lugar na cidade. Acho que é porque bate mais vento, sei lá! O problema é que a estação é muito fria e quando você entra no trem em um dia frio o ar condicionado está desligado. Choque térmico. Outro problema em dias de frio é o ar dentro dos vagões: pensa em umas 100 pessoas respirando o mesmo ar e que esse ar só sai do trem quando ele abre as portas na outra estação. Se alguém espirrar, tossir ou respirar mais forte do seu lado prenda a respiração, coloque a mão ou a blusa no rosto ou mate o infeliz que não leva um lenço no bolso e espere pelos 38 graus de febre ou por acessos mucosos de tosse tuberculosa.
Quando eu chego na estação final do meu percurso, lá vem o choque térmico de novo dessa vez do quente-abafado para o frio congelante. Na saída da estação você pode ver todo o púbico feminino abrindo guarda-chuva, mesmo que não esteja chovendo, se estiver aquele friozinho “Ops, minha chapinha” e o guarda-chuva armando (o cabelo também arma depois, sempre arma). Saindo da estação eu ainda tenho que andar uns 10 minutos pra chegar na empresa. É de praxe. Sempre está chovendo e eu nunca levo um guarda-chuva. Solução: Sair correndo de roupa social, todo engomadinho, desviando das poças d’água como ninja e aproveitando todos os toldos e coberturas pra tentar pegar menos chuva (que falta me faz uma carteira de motorista).
Quando consigo chegar inteiro, entro na sala onde trabalho, sento na cadeira e ligo o meu PC. Lá o ar condicionado funciona, e muito bem. Faz mais frio dentro da sala do que na rua ou no Data Center (lugar onde ficam os servidores, para os leigos). Ar condicionado é uma prova de que a democracia falha em alguns pontos. Se está bom pra mim, não está bom pra você. Se está bom pra nós, não está bom pra tia chata que trabalha no departamento ao lado (espero que ninguém da empresa leia o meu blog).
Eu nem saio pra almoçar pra não pegar mais chuva. E quando saio, sempre chove na saída do restaurante.  
Depois de 6 horas de trabalho e 15 minutos de almoço, vou pra casa. Saindo da empresa: Chuva! (E ainda tem gente que fala que a água vai acabar) faço o caminho inverso pra estação. Entrando no trem, outra vez o choque térmico, mas dessa vez você tem que compartilhar ar com 200 pessoas.
Nesse dia em especial, quando faltava UMA estação pro meu destino final, alguma coisa explode nos condutores elétricos que ficam fora do trem, bem acima do meu vagão (nosso, do mundo inteiro nesse caso). O trem teve força pra chegar na estação antes da minha. Fiquei meia hora parado dentro do trem. Quando finalmente as coisas parecem se normalizar, alguém aperta aquele botão de emergência querendo sair do trem. Depois de um tempo só escuto a maquinista: “Por defeitos elétricos e por uso indevido dos equipamentos do trem, esta composição não prestara mais serviço”. Aquela leva de gente saí do trem e passa pro outro lado da plataforma. E o trem quebrado paralisava um dos trilhos da estação. Ao ver aquelas almas esperançosas esperando um trem já cheio chegar e vendo que nenhum trem passava, nem indo e nem voltando, saí da estação e fui pro ponto de ônibus. Mesma situação. Decidi então ir pra outro ponto e pegar algum ônibus sentido centro e contornar o transito pra tentar chegar em casa antes das 20:00 (detalhe: eu saio as 16:00 e já eram 19:15).  Consegui, mas dei o azar de pegar uma chuva insana no caminho pra casa. Cheguei em casa parecendo um cachorro molhado e ainda tive coragem pra fazer aquele caminho de 20 minutos à pé pra academia. Pelo menos peguei só uma garoa fina na volta, menos mal.
Você deve estar pensando: “Você poderia resolver parte do seus problemas se comprar um guarda-chuva” Tá no inferno, abraça o capeta! Eu não gosto de usar guarda-chuva, minha mochila é enorme e às vezes eu preciso das duas mãos pra trocar a música no iPod. Não deixo meu iPod em casa. Não deixo, não deixo! Você, mulher, sai de casa sem maquiagem? É a mesma lógica...
That’s all Folks. E espero que não chova na segunda-feira.

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