14 julho, 2010

Xongas: Academias

Num universo perfeito, todas as pessoas teriam corpos e mentes desenvolvidos, perfeitos, simétricos. Sentiriam atração mútua, não pela necessidade de fatores externos e bens materiais, mas pela química cerebral que, naturalmente, estimula a produção de hormônios e feromônios de ambos os sexos, causando o que chamamos de “amor”.

Platão viajava né?

Academias de qualquer espécie, para homens, para mulheres, para ambos os sexos e para nenhum dos sexos são lugares aonde as pessoas vão para exercitar o corpo, fugir do sedentarismo, fazer musculação, aeróbica, pilates, yoga, dançar, enfim... Tantas coisas que não dá pra ficar rotulando.

Mas o que é complicado é o público freqüentador assíduo desses lugares: São os marombados viciados em aminoácidos e açaí e as patricinhas desocupadas.

Vamos por partes.

Os marombados viciados em aminoácidos e açaí são caras que vivem em função da academia, acham que são os pegadores por causa do físico desenvolvido e se acham os lindos e maravilhosos, sonhos de consumo de qualquer mulher. Mas, provavelmente, são caras que eram muito magros, burros, sem talento pra coisa alguma e com baixa auto-estima. Entraram na academia num momento de grave indecisão existencial e precisavam de alguma coisa para afirmar sua masculinidade: O culto ao corpo talvez tenha sido a decisão mais tangível. Esse espécime não sabe fazer outra coisa além de puxar ferro e, com o tempo, sua altura e sanidade mental são prejudicadas devido ao excesso de peso carregado numa tentativa frustrada de demonstrar atitudes de um macho-alfa. Não importa o horário em que você vá à academia, de manhã, de tarde, à noite, de madrugada, sempre haverá um espécime deste tipo treinando. Eu acredito que alguns deles dormem na academia, pois nunca se vê nenhum deles em outros ambientes (baladas, bares, festas). Acredito que eles fazem esses tipos de coisa na academia, durante uma série e outra de supino. São conhecedores natos de suplementos, bombas, dão dicas de treino para membros da mesma espécie só que menos desenvolvidos (fisicamente falando) e debocham de outras pessoas que não tem o físico igual ao deles.

Já as patricinhas desocupadas são mulheres que não trabalham, não estudam e vão para a academia só para chamar a atenção dos marombados viciados em aminoácidos e açaí. Por não terem vida social e por serem reconhecidas por todos os “amigos” e conhecidos como marias-gasolina, marias-chuteiras, outros tipos de marias e outros nomes de baixo calão, entram na academia para exercer sua “atividade” num ambiente mais reservado, com um público restrito, onde possam ter sua imagem (ou o que sobrou dela) menos denegrida (marias-halteres). Para localizar estes elementos numa academia, é só olhar para a parte da academia onde se treinam os glúteos (que, por coincidência, fica perto da área de treino com halteres, habitat natural dos marombados).

Não tentem argumentar nada com essas duas espécies. Só sabem coisas relativas à academia, da vida alheia e tem alguma noção de anatomia.

Uma coisa que é estranha nas academias é o revezamento: Dois animais “competindo” pra ver quem pega mais peso e quem deve ser, com méritos, considerado mais masculino que o outro(não to generalizando, pelo amor de Deus, não me entendam errado!). Você tá lá, fazendo o seu exercício com 5 quilos, de repente aparece um Uber do filme “300” e pergunta: “Posso revezar com você, brother?”. “Ah , claro!”. Tem gente que levanta tanto peso que, quando o peso toca o aparelho ao fim do exercício, treme o chão da academia inteira e faz aquele “PÁ” que ecoa na academia inteira. Acho que esse deve ser o som da “masculinidade” se propagando.
















Vai revezar comigo, não vai?


Pior é quando você tem que revezar com mais de uma pessoa. É quase como ter que revezar lugar num restaurante (único exemplo lógico que eu pensei a essa altura da noite). Pior ainda são as pessoas que não pedem pra revezar. “Opa, to chegando, não tinha ninguém quando eu cheguei, vi primeiro.” Isso só pode ser sacanagem!
Outra coisa que não faz o mínimo sentido: Homens que vão pra academia e só treinam a parte superior e mulheres que só treinam a parte inferior do corpo. Fazem o estilo físico “coxinha” (como diz um amigo meu). É só reparar por outros ângulos: A parte que ele(a) treina mais, cresce desproporcionalmente em relação a outras partes do corpo. Ridículo. Até uma criança de 10 anos sabe que isso tá errado (já vi algumas treinando).

E os novatos. Ah, pobre raça infeliz. Entram na academia na esperança de se tornar um dos elementos descritos acima. Com o ego em ascensão e quando o instrutor não está vendo, pegam o primeiro aparelho que veem pela frente e começam a fazer os exercícios de uma forma completamente non-sense. Quase vi um pirralho levantando vôo enquanto fazia halteres alternados (“Pega dois pesinhos, senta lá e começa a levantar um de cada vez” como diz o instrutor). Quase vi gente se enforcando no supino ("pega uma barra, poe cinco quilos de cada lado, coloca naquele suporte, deita lá e trabalha a barra até o peito", como diz o instrutor... ah, trabalho fácil!). Ontem mesmo salvei um condenado da morte que fraquejou no meio da série de supino e deixou a mão esquerda vacilar. Ia ser um degolamento lindo, lindo, lindo! “Ah, esqueci de contar as repetições e me perdi” Esqueceu que é o braço direito é mais forte que o esquerdo. Puberdade...

É um clichê. A síndrome do corpo perfeito. A sociedade impõe que seu corpo seja definido, que você seja magro e saudável. Você precisa ter isso pra “ser aceito”. A única coisa que me motiva a ir pra academia de segunda a sábado é saber que, se eu virar sedentário, vou ter um infarto daqui a uns dois anos (digamos que eu não me alimente muito bem e não queira seguir o exemplo do meu pai, hipertenso). Mas existem outras coisas que me desmotivam: Aqui onde eu moro a academia mais próxima fica a 20 minutos da minha casa, à pé. Ô inferno. O meu treino deveria ser ir pra academia e voltar pra casa. Mas tudo bem... “Seu coração agradece, agora volta pra casa, champs!”

That’s all Folks!

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