15 agosto, 2010

Um Tempo Atrás

Eu nunca tive muitos amigos. Alguns deles se perderam nas esquinas e contratempos da vida. De fato, não sei o que acotenceu com a Mariana, uma das minhas primeiras amigas de verdade. Conheci ela ainda quando fazia o prézinho na EMEI aqui perto da minha casa. Lembro de algumas poucas coisas que faziamos juntos. Íamos para o recreio juntos, sentávamos bem próximos na sala. Também consigo lembrar de uma excursão que tivemos para um sítio em não-sei-aonde. Já na primeira série, tinha o Willian, um gordinho branquelo, meio nerd, mas que sempre fazia trabalhos comigo. Acho que o único amigo que eu tinha na época (digamos que eu não era muito sociável). Depois de um tempo, veio a galerinha que brincava comigo na hora do recreio (quarta série). Leandro, os três Rafaéis e mais alguns que eu não lembro. Dois desses Rafaéis já não sei mais aonde andam, más linguas dizem que um se envolveu com drogas e outro se perdeu no caminho da marginalidade. No Ensino Médio, já tem um publico mais amplo, mas não mais próximos. Algumas 10 pessoas à mais, mas que mesmo assim mantinhamos amizade só pelo contato na escola, mas não pelo interesse. Quando eu terminei a escola, posso contar algo em torno de 7 pessoas que ainda "andam comigo".

Hoje estava colando algumas fotos e bilhetes de alguns amigos meus no meu guarda roupa e fiquei pensando nessas coisas. Onde será que estão todas essas pessoas? Pessoas que estiveram tão próximas de mim um dia e hoje, bem... sabe se lá onde estão, o que fazem, aonde moram, se estão, vivos. Há um tempo atrás, compartilhávamos conversas das quais nem me lembro mais, brincadeiras das quais eu não dou mais risada quando vejo crianças na rua à brincar das mesmas coisas que, um dia, eu brinquei.

Não, não e não! Não vou dizer que gosto de crianças! Nem a ingênuidade delas me contagia. A unica coisa que eu acho interessante é o interesse delas pelas coisas que acontecem no mundo: Interesse Nenhum! Elas não precisam se importar com essas coisas, com guerra, com paz, com o preço da soja nos mercados estrangeiros. Ainda estão descobrindo todo esse mundo novo.

Não é mais assim. Virou um problema que agora tomou dimensões maiores. Vemos crianças querendo ser "Teens" aos montes, a TV alimenta isso, a música alimenta isso... tudo alimenta isso. Brincar na rua já não é mais coisa de crianças de 12, 13 anos. Na minha rua isso já é coisa do passado. Meninas querem vestir calças apertadas e Soutien para chamar a atenção e meninos já querem dirigir.

Quando eu era criança, passava as manhãs na escola e ficava em casa de tarde pois minha mãe trabalhava e não me deixava sair. À noite então, nem se fale. Só pra acompanhar o meu pai que sempre levava o cachorro pra passear enquanto fumava seus dois cigarros Marlboro. Ficava em casa então, assistindo todos aqueles desenhos que passavam na Cultura, lia algumas coisas nuns livros que meu pai tinha, amontoados no rack da sala e ouvia as músicas da estante de CDs num estéreozão Sony que tinha aqui em casa. Gostava daquilo. Me fez ser quem eu sou hoje, à exemplo dos meus pais.

Minha curiosidade é saber se todas essas pessoas que um dia estiveram presentes no meu cotidiano tiveram uma infância igual a minha, se aproveitaram como eu aproveitei todo aquele tempo livre e sem responsabilidades. Naquela época, não perguntávamos essas coisas: "Ah, o que você gosta de fazer?". Acho que nem interesse em saber eu tinha.

Sim, julgue-me tosco por querer ficar revirando o passado. Sorte a minha ter um passado pra revirar... tanta gente não teve ou quer esquecer o que teve. Too bad!

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